terça-feira, abril 18, 2006

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Foi aqui que viveu nos últimos tempos..
Foi aqui que a meia luz e com música de fundo se contou madrugada a dentro.
Foi aqui do último andar que caiu e se levantou e tentou um voo que so ela queria..
Era aqui, no último andar, o único espaço onde se despia e sem medos nem orgulhos sonhava de sorriso puro e asas abertas..
Hoje desce ao rés do chão, local sem o vento do último andar, local mais frio, local sem sonhos..nova morada..
Voltará ao ultimo andar se lhe for permitido..talvez um dia..talvez numa outra vida, talvez nunca.
Até lá resguarda-se de ventos frios e ilusórios e de utopias só dela..e desce do último andar ao rés do chão.


Para os que têm últimos andares deseja bons voos mais altos e mais longos que os que ela teve..ou não teve..que encontrem asas como as que ela encontrou nele, mais quentes que as de qualquer pássaro..

Talvez lhe escreva todas as noites..
Talvez em todas as noites o pense e o deseje
Talvez todas as noites o sonhe, o sinta e o adivinhe
Talvez não lhe escreva nunca mais..


As asas dela estão fechadas por tempo indefinido e assim se encerra o último andar..até um dia ou até nunca mais..

Menina dos olhos tristes
Rua dos não voos, Rés do chão nº 0
0000 - 000 Cantinho dos não sonhos